domingo, 20 de novembro de 2011

Arte Bicentenária

                          As Renderas do Pontal

         O Tradicional núcleo de redeiras no Pontal da Barra é um ponto turístico de paisagem imponente que possibilita ao turista todo o aconchego de sua tradição, seja através de um passeio de escuna ou até mesmo a pé. Além de propiciar a pesca entre os moradores locais, o pontal é o local mais visitado por turistas de todas as partes do mundo, mas, embora sua beleza fascine os visitantes, essa demanda acontece devido um fator muito importante da comunidade, sua pitoresca culinária. Ela que também oferece encantamento e fascínio ao paladar exigente e bastante diversificado dos turistas. O bairro surgiu a partir de uma aldeia e preserva até hoje suas características e cultura local.


            Podemos dizer que a natureza concentrada no Pontal da Barra não existe por acaso, pois só mesmo um local com tanta beleza poderia servir de inspiração para receber o colorido dos bordados das artesãns da terra e das simpáticas rendeiras, que fazem  do local uma parada quase que obrigatória.

            Uma arte  desenvolvida por uma comunidade simples e cheia de atitude viabiliza grande parte da economia local, que é fundamental para a circulação de curiosos e apreciadores do artesanato que é tecido a mão. O que possibilita certa leveza e delicadeza na produção das peças.

            Recentemente, tivemos a possibilidade de fazer uma pesquisa in loco com algumas rendeiras locais, e descobrimos que o fim de tanta tradição pode estar próximo, pois, a tecnologia vem influenciando de forma significativa a vida da nova geração do Pontal. Os adolescentes, filhos dessas rendeiras, na grande maioria não pretendem continuar com a tradição que vem se perpetuando durante décadas. Dessa forma  acabam migrando para outros polos do conhecimento. A  maioria desses jovens vem almejando outras atividades devido a  grande carga de informação do mundo moderno, que os desligam do cotidiano dos  seus ancestrais, deixando de lado, toda uma cultura que vem passando de geração a geração.

           

                É claro que as artesans  não falam de um fim, assim tão drástico da tradição quando fazem essas declarações. Porém,  ao ver o comportamento dos mais jovens com quem elas convivem, percebem uma grande difença comportamental e funcional de uma geração para outra, mas enfatizam. ”isso pode ou não acontecer, depende muito das oportunidades e das capacitações oferecidas por parte do governo aos nossos jovens”.

            A contemplação de um trabalho assim é apaixonante, pois vivemos em um mundo de carência cultural e de pouca ligação com o passado, que ao contrário do que pensam  muitas pessoas, o passado não é algo obsoleto, ele está ligado ao presente e ao futuro e que sem o qual não  compreenderíamos nossa existência. Até mesmo porque, tudo o que aprendemos, torna-se passado e o hoje, deve muito ao ontem e assim sucessivamente  e essa  carga de amadurecimento se dá atravès dessa relação entre passado e presente  nos enrriquecendo pessoal e culturalmente.


            Esse tipo de pensamente e de aprendizado deveria estar do consciente coletivo  principalmente porque vivemos um  momento  em que vivenciamos tanta violência e desumanização dentro dos núcleos sociais. E uma das coisas que sem dúvida alguma poderia mudar essa realidade  é o indivíduo respeitar e ajudar preservar suas culturas  em prol do desenvolvimento local  e de uma vida mais saudável. A aculturação das massas no sentido da troca de informação,  proporcionaria  ao indivíduo de hoje,sentir na pele as dificuldades de outros  aprendendo a conviver com a diversidade cultural e respeitando-as na  sua totalidade.



Mony Cavalcante/Revisado por Ismélia Tavares